O governador eleito Wilson Witzel voltou a defender nesta terça-feira, em discurso para uma plateia formada por juízes federais, uma ação enérgica para combater traficantes armados com fuzis que atuam nas favelas do Rio para que os bandidos não “fiquem sambando na cara da polícia”. Dessa vez, porém, Witzel não falou em “abater” criminosos como em declarações feitas ao longo de toda semana passada.
Witzel anunciou ainda uma parceria com a prefeitura do Rio para isentar de ICMS empresas que participarem do projeto Zona Franca Social, compromisso assumido depois que o governador almoçou, no início da tarde, com o prefeito Marcello Crivella. Nesse encontro, Witzel e Crivella também rezaram: “orei a Deus que me dê iluminação e sabedoria para conduzir o estado do Rio de Janeiro e os 92 municípios’’, explicou o governador.
Witzel estava lotado no TRF do Rio quando pediu demissão no início do ano para concorrer ao governo do Estado. Ele foi ao Tribunal receber a medalha Luiz Eduardo Pereira Pimenta, considerada a maior comenda concedida pelos juízes federais da 2ª Região (RJ/ES) e a Associação de Juízes Federais do Rio e do Espírito Santo. No discurso, o governador eleito anunciou também a criação de um programa social para beneficiar 100 mil jovens de comunidades para tentar afastá-lo do crime. Ele acrescentou ainda que pelo menos quatro favelas serão beneficiadas pelo programa Comunidade Cidade que prevê melhorias urbanísticas e programas de cidadania para os moradores: Rocinha, Chapadão, Rio das Pedras e Vidigal:
Sobre a visita ao TRF, ele disse que considerava o momento “emocionante”:
— Parece um conto de fadas que a gente esta vivendo Ate outro dia, estava sentado aqui nessas cadeiras. A gente sabe da dificuldade que vai ser governar o estado do rio de janeiro . Quero dizer que o governador vai ter muita dificuldade para restabelecer a ordem. Mas vai ser duro quando for preciso ser duro. Não podemos mais permitir que a criminalidade fique sambando na cara da policia. Fique fazendo as famílias de reféns, . Hoje, o cidadão de bem não sai mais na rua As nossas crianças estão sendo cooptadas pelo tráfico A criminalidade está se achando dona e senhora do nosso território . Não podemos mais permitir isso. Seremos duros com quem não respeitar as leis do país e a liberdade do cidadão de bem.
Witzel prosseguiu:
— Ninguém aqui vai sair matando ninguém. Mas não podemos permitir que a policia chegue em determinados locais e seja recebida com tiros de fuzil. Que um helicóptero sobrevoa, filme e sociedade do mundo inteiro assista isso de forma espetaculoso. Isso assusta turistas. Essa imagem que estamos passando para o mundo não pode continuar. Há uma criminalidade que não quer se render e está vivendo do lucro fácil da destruição da famílias com a venda de drogas. Não vamos mais permitir isso — acrescentou o governador eleito.
Sobre o projeto social que pretende implantar, Witzel chamou de “Resgate de Cidadania”. Segundo o governador, assistentes sociais irão às comunidades em ações para evitar que jovens se associem ao tráfico. Outra alternativa seria uma nova espécie de programa de proteção a testemunha para os adolescentes que quiserem deixar o crime. Em seu discurso, Witzel disse ainda que ouviu muito na campanha o pedido de eleitores para que ele não os decepcione. Ao falar sobre isso, o governador repetiu duas vezes que a população do estado é formada por 18 milhões de pessoas. Errou por quase 1 milhão. Segundo o IBGE, o número correto na verdade é de 17,1 milhões.
O projeto Zona Franca Social da prefeitura prevê que empresas instaladas em favelas que forneçam para o município tenham benefícios tributários da prefeitura. Witzel prometeu também dar isenção de ICMS. Segundo ele, o objetivo do encontro foi selado uma espécie de pacto pelo estado do Rio de Janeiro, superando desavenças políticas:
— Fizemos um pacto de união. independentemente do de pensamos Não interessa quem vai querer ser candidao a sucessão dele não prefeitura agora, O que interessa é trabalharmos nos próximos dois anos da melhor forma possível — disse Witzel
O almoço entre Witzel e Crivella ocorreu cinco dias depois do prefeito ter atacado o governador eleito em suas redes sociais. Em um vídeo, que posteriormente apagou, o prefeito comentou o fato do ex-juiz ter negado com veemência uma possível participação do filho dele no governo, em entrevista à Rádio CBN O prefeito afirmou que “só um idiota descarta aquilo que não tem”, reforçando que sua família não cogita trabalhar no Palácio Guanabara. Crivella também disse que Witzel começou sua vida pública “de maneira desrespeitosa e arrogante”.
Em entrevista após a cerimônia, Witzel desconversou sobe as críticas:
— Não lembro de ter sido ofendido. Hoje fui recebido pelo Crivella com uma receptividade excelente. Conversamos e oramos.
O governador eleito também manifestou interesse em manter e ampliar o projeto Segurança Presente. Ele também assumiu o compromisso de nomear José Eduardo Ciotola Gussem procurador-geral de Justiça caso ele se candidate a reeleição em chapa única em 2019. Mas caso o Ministério Público apresente uma lista tríplice, ele não garante que indicará o primeiro nome.
Fonte: Extra