Pouco dinheiro, altos preços, falta de comida, problemas na saúde e escassez de vagas no mercado de trabalho são alguns motivos que levaram imigrantes venezuelanos e cubanos a deixarem seus países.
Na fuga da crise econômica, algumas dessas pessoas chegaram em Porto Velho, no mês de março, em busca de melhores condições vida. Sem abrigo, muitos ficam pelas ruas esperando contar com a sorte de encontrar ajuda.
Ao percorrer ruas da região central de Porto Velho, a reportagem da Rede Amazônica encontrou dez imigrantes. Três vindos da Venezuela e outros sete de Cuba. Os cubanos pediram para não ser identificados. Eles temem ser presos no futuro, quando retornarem ao país para visitar os parentes que deixaram lá.
As roupas com que estavam eram novas, mas estavam sujas. Eles trouxeram poucas peças, e pelo visto, as melhores. Junto nas bagagens, muitos sonhos, incluindo o de um novo recomeço.
Os imigrantes chegaram na cidade no final de março e desde então, não comem e nem dormem direito. Para chegar em Porto Velho, eles pegaram um voo até a Guiana, entraram no Brasil por Roraima (RR) e passaram em Manaus até desembarcarem na capital rondoniense. Nas mãos, os passaportes trazidos de onde saíram em busca de melhores condições para viver.
A reportagem conversou com dois jovens cubanos, ambos de 27 anos. Um deles é formado em engenharia civil e saiu de Cuba pela dificuldade econômica lá.
“A economia em Cuba vai muito mal. O salário é baixo. Se tem família, se tem filhos não dá para nada. As coisas estão muito caras”, conta.
O outro jovem tem duas formações, é economista e preparador físico. Ele deixou Cuba em busca de liberdade. “Alguns são universitários, outros não. [Saí] pela economia e também para expressar, porque [lá] não podemos se não vamos presos”, diz.
Sem ter para onde ir, muitos ficam pelas ruas esperando o tempo passar ou até poder contar com a sorte de encontrar alguma ajuda. As árvores se tornam teto, e as calçadas, o chão. Para dormir, o abrigo que encontraram foi a rodoviária.
Os venezuelanos fogem da crise econômica severa que o país atravessa. José Castillo é programador de web e chegou ao Brasil no dia 16 de fevereiro. Está há poucos dias em Porto Velho.
“Saí do meu país por causa da crise econômica. Não há comida, saúde, o salário não é suficiente para comprar o básico”, desabafa.
Situação semelhante à de Rorangelo Barrios que diz: “Não tem muita comida. A gente não tem o que comer. Não tem trabalho. Por isso que vim imigrando”, afirmou à reportagem.
O Brasil não é o destino principal de boa parte do grupo. A maioria está em Porto Velho de passagem. Alguns pretendem ir para o Peru, Chile, outros para a Argentina ou o Paraguai.
Maria Gamero Gonzáles não fez a rota comum da Venezuela para o Brasil por Roraima. Ela chegou pela capital do Acre, Rio Branco (AC). De Porto Velho, ela pretende seguir viagem. “Eu quero ir à Argentina, ou outro lugar, porque o idioma daqui é diferente. Eu não falo português”, disse.
Fonte: G1