“Eu não aguento mais ser roubada. Tenho direito de ter paz. Desse jeito eu vou trabalhar e nunca vou ter nada”. Esse é um trecho do desabafo feito no Facebook por Maria Madalena Fernandes dos Santos, de 38 anos, moradora do bairro Jardim Tropical, em Rolim de Moura (RO). Ela, que vive da confecção e venda de marmitas, teve a casa invadida por bandidos quatro vezes somente este ano.
Até a noite desta quinta-feira (27), dia da postagem, 11 mil usuários curtiram, outros 3,7 mil compartilharam e mais 66 comentaram na publicação (veja abaixo).
Ao G1, Maria disse que resolveu recorrer às redes sociais para pedir ajuda. A última invasão aconteceu na madrugada desta quinta. Dessa vez, os bandidos levaram os temperos que ela comprou para preparar as marmitas, vendidas até R$ 6.
“Nesses temperos tinha até cebola roxa, o que eu adoro. Levaram só o que restou mesmo, que foram os temperos. Meu medo agora é eles (criminosos) não encontrarem mais nada e fazerem algo de ruim comigo e com minha família”, explicou, emocionada.
A preocupação maior também é com as filhas. Por volta das 17h30 desta quinta-feira, Maria revelou que uma de suas meninas foi assaltada e teve o celular levado. O aparelho foi comprado há cerca de 30 dias. Segundo a cozinheira, todos os assaltos foram registrados na polícia.
Sozinha, Maria, que é natural de Sergipe, cuida de duas filhas, um neto e ajuda o genro, que está desempregado. Com a venda das comidas, consegue sustentar a casa – que é própria –, além de pagar um salário a uma das filhas, que a ajuda fazendo entrega.
Em média, Maria Madalena consegue fazer de 35 a 42 marmitas por dia e garante que vende todas. Porém, por conta dos gastos, a cozinheira fica com apenas entre R$ 200 a R$ 300 por mês para ela.
“Levanto às 5h todos os dias e vou dormir por volta das 22h. Eu to cheia de cicatrizes, de machucados porque me queimo muito. É muito gasto, então sobra pouco para mim. Mas, olha, lhe garanto que amo o que eu faço. Eu amo isso. É meu trabalho”, disse.
Maria contou que viveu 20 anos no município de Costa Marques antes de se mudar para Rolim, onde reside há dois. Nesse tempo, a mulher, que trabalhou fazendo faxina e em restaurante, disse que nunca passou por situação semelhante. As invasões ocorreram depois que ela começou a cozinhar e montar marmitas dentro de casa. O negócio já tem nove meses.
No primeiro assalto, os bandidos “fizeram a limpa”. Ela contou que chegou a chamar a polícia, mas disse que até hoje ninguém foi preso. “Levaram meu rádio, minha TV, botija, tudo. Não consegui recuperar nada até então”.
Apesar do problema, reiterou que ainda tem o básico e que continua conseguindo montar as marmitas todos os dias. Mesmo assim, a sensação de insegurança é grande, principalmente antes de dormir.
“Como vou agora deitar com tranquilidade? Espero ao menos segurança, é isso”, complementou.
Repercussão
A postagem de Maria rendeu mais do que ela esperava. Após a publicação, ela contou que muitas pessoas a procuraram em sinal de solidariedade. Com a grande repercussão, a mensagem chegou até a Polícia Militar (PM) de Rolim de Moura.
“Agora tem uns policiais fazendo ronda por aqui. Quando registrei a ocorrência, me orientaram a pegar um cachorro ou colocar cerca elétrica na casa. Uma vizinha até me ajudou com uma lâmpada para colocar na frente. A rua é escura”, explicou Maria.
Até a última atualização desta reportagem, 11 mil usuários curtiram, outros 3,7 mil compartilharam e mais 66 comentaram na publicação onde Maria faz o desabafo.
“Achei que só minha família iria ler aquilo. Não esperava mesmo. Espero que isso ajude”.
Entre os comentários, uma usuária disse: “Oh, minha amiga, que tristeza. Deus está contigo. Imagino que estás sentindo ele sabe que a filha dele luta todos os dias com muita dignidade. Você é uma mãe, mulher guerreira, batalhadora. Não desanime. Deus tá contigo 🙌😘🌺. Que o senhor te fortaleça pra você continua sua caminha linda brilhante como seu sorriso”.
A Polícia Civil deve fazer um levantamento sobre o caso.
Fonte: G1