Cuba voltou ao noticiário recentemente por conta das manifestações populares que, tudo indica, serão um novo marco do regime comunista implantado na ilha em 1959. Aqui no Brasil, a esquerda clássica não se abalou com o que pode vir a ser o início de uma revolta inimaginável, digamos, cinco anos atrás.
Indiferente ao clamor, notadamente da juventude cubana, os socialistas de plantão empunharam o argumento de sempre: Cuba não é um país próspero exclusivamente por conta dos embargos econômicos impostos pelos EUA. Não é bem assim.
O povo cubano está exausto de passar por necessidades básicas, como alimentação, remédios e energia. Sim, as sanções impostas pelos americanos impedem relações comerciais e financeiras com praticamente todas as nações e, de fato, restringem o turismo (antes mesmo da pandemia, que tornou a situação sufocante) e afetam duramente a população. Mas não justificam o que a história está comprovando: os castristas nunca tiveram um projeto econômico nem sequer razoável para o país.
Cuba sempre se colocou como satélite de outras potências comunistas, da antiga União Soviética à China de hoje, passando pela Venezuela (quando os bolivarianos ainda não conheciam a bancarrota, e o petróleo era usado como moeda corrente). Esse papel de dependência, mesmo nos períodos áureos de seus protetores, nunca foi aproveitado para definir e implantar políticas de geração de riquezas, empregos e soberania.
O Partido Comunista de Cuba simplesmente tem se mostrado incompetente e acomodado com o conveniente papel de mascote da esquerda mundial. Nunca mostrou criatividade, tampouco talento, para gerir a economia, como fizeram outros países, em condições tão ou mais difíceis, que deram provas de que é possível prosperar mesmo em condições ideológicas adversas.
Falar da impressionante experiência de abertura econômica chinesa seria crueldade demais para demonstrar a imobilidade cubana. Mas é bem honesto lembrar os casos de Hong Kong e do Vietnã. A primeira saiu da condição de colônia do Império Britânico, depois ocupada brutalmente pelo Japão, até que a China, finalmente, assumiu a soberania sobre a ilha, em 1997. Hoje, é um dos maiores centros financeiros do mundo.
O caso do Vietnã é ainda mais excepcional. Devastado pela guerra com os EUA, o país se assumiu como República Socialista em 1976. De lá para cá, sabendo abrir sua economia e com um planejamento estatal sem dogmas e com muito pragmatismo, atraiu capital estrangeiro e conquistou sua autonomia no cenário internacional. De mero exportador agrícola, expandiu sua indústria de forma consistente e, atualmente, produz desde calçados e roupas até produtos eletrônicos.
Cuba não se deu ao trabalho de criar condições dignas para sua população. Os jovens já dizem que nada devem à revolução, pelo contrário. Com razão, querem ter expectativas de uma vida melhor, sem tantas privações. Ideologia não põe comida na mesa. E não pode servir de desculpa para justificar o sacrifício de um povo.
Fonte: R7