Mulher foi violentada ao procurar ginecologista para preventivo de câncer.
Ginecologista foi condenado por abusar de 15 pacientes, em Ariquemes.
Um dia depois do Tribunal de Justiça de Rondônia (TJ-RO) divulgar a condenação de 130 anos do médico acusado de ter estuprado 15 pacientes, em Ariquemes (RO), uma das vítimas comemorou a sentença, que ainda cabe recurso. Ao G1, a doméstica relatou nesta quarta-feira (3) que acordou mais tranquila. “Senti um grande alívio ao saber da sentença dele, pois estava demorando demais para que o condenassem”, revela a vítima que foi estuprada em um exame preventivo de câncer do colo do útero.
Pedro Augusto Ramos da Silva, de 58 anos, é acusado de ter abusado sexualmente de pacientes durante exames ginecológicos, na cidade de Ariquemes. De acordo com o TJ-RO, o médico que está preso desde março de 2015 na Casa de Detenção de Ariquemes, teve três pedidos de habeas corpus e um de conversão do regime prisional para prisão domiciliar negado. Pedro foi denunciado por 19 casos de estupro e foi absolvido em quatro deles, por falta de provas.
Por telefone, a doméstica estuprada pelo médico, que preferiu não se identificar, relembra ter procurado o profissional de saúde pela primeira vez para realizar um exame preventivo de câncer no colo do útero.
“Eu estava com a mão no rosto, pois estava com vergonha por ser a primeira vez que iria fazer uma consulta ginecológica com um médico homem. Durante o exame, percebi que ele estava demorando demais e fazia toques diferentes do considerado normal para uma consulta. Foi quando tirei a mão do rosto e o avistei mexendo nas partes íntimas dele, com uma sensação de prazer”, comenta a paciente.
De acordo com a mulher,o rosto doutor nunca demonstrou concentração médica. Ao final da consulta, o médico não coletou nenhum material para análise e também não explicou para a paciente os motivos para realizar aqueles procedimentos. “Não consegui reagir porque até então acreditava estar sendo submetida a uma consulta normal. A ficha não tinha caído. Quando me levantei e fui até o banheiro, comecei a pensar que não seria possível uma consulta daquela forma e com tanta demora”, explica.

Conforme o processo, a doméstica relatou que as médicas anteriores com quem se consultaram, nunca chegaram a realizar aquele tipo de conduta. “Teve uma hora que tentaram abrir a porta do consultório, foi quando tentei me levantar e ele disse que a porta estava trancada com chave, mas eu não tinha visto”, descreve.
Em Juízo, o acusado negou todos os fatos e afirmou que não realizou os toques diferentes nas partes íntimas da paciente e apresentar a expressão de prazer. Porém, fechar os olhos era algo comum para ter melhor sensibilidade tátil e aumentar a concentração durante o exame.
Questionada se sentiu medo por alguma represália por parte do ginecologista, ao realizar a denúncia, ela comenta que apenas queria desmascarar o médico.
“Não tive medo algum ao fazer a denúncia, como fui uma das primeiras vítimas, fiz o procedimento com a intenção de que ele fosse preso o quanto antes e evitasse fazer novas vítimas. Infelizmente isto não foi possível, mas hoje estou feliz por saber que ele não cometerá estes crimes novamente”, finaliza.
De acordo com o presidente do Conselho Regional de Medicina (Cremero) de Rondônia, Cleiton Bach, com a condenação de Pedro Augusto, uma sindicância interna foi aberta para apurar o caso e enquanto isso, o CRM do médico está suspenso.
A reportagem não conseguiu contato com a defesa do médico.
Relatos em processos
Com 77 páginas, a sentença descreve com extremo detalhe cada uma das ações cometidas pelo acusado. Em um dos casos, a vítima foi ao médico para uma avaliação de rotina do dispositivo intrauterino (DIU), mas acabou sendo abusada.
“Aproveitando-se da confiança profissional, o réu passou a acariciar e apertar os mamilos da vítima. Bem como introduzia os dedos na vagina da paciente […]. Ao se levantar da maca ginecológica, percebeu que o zíper da calça do acusado estava aberto […]”, descreve o processo.
Em outro caso, o ginecologista praticou violência sexual durante o tratamento de um aborto espontâneo em uma paciente. “O réu atendeu a vítima nos fundos do hospital, onde não havia movimento de pessoas. Posteriormente, ele determinou que a paciente se despisse e deitasse na maca, quando se posicionou entre as pernas da vítima e a masturbou por trinta minutos, mesmo com a paciente pedindo para encerrar o ato”, informa a sentença.
Ainda de acordo com processo, o médico chegou a repetir o mesmo abuso em uma paciente que estava grávida.