Na esteira da divulgação das conversas que mostram a presidente Dilma Rousseff agindo para barrar a prisão do ex-presidente Lula, a Câmara dos Deputados instala nesta quinta-feira a comissão especial que vai analisar o processo de impeachment da petista. O início do colegiado se dá no pior momento de Dilma, quando a Lava Jato se aproxima do Palácio do Planalto e aliados começam a se movimentar para deixar a base do governo.
A comissão chegou a ser formalizada em dezembro do ano passado, mas governistas ingressaram no Supremo Tribunal Federal questionando o rito adotado pelo presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O trâmite de Cunha, então, acabou rejeitado pela corte. Ele chegou a ingressar com embargos de declaração para tentar reverter a decisão, mas, nesta quarta-feira, o supremo rejeitou os recursos.
Com o fim do impasse jurídico em torno do processo de impeachment, o caso volta a ser analisado pela Câmara. Ainda pela manhã os líderes partidários vão indicar os membros que vão compor o colegiado. Conforme o planejamento inicial, a eleição será às 14h e a comissão será instalada ao fim do dia.
Nos bastidores, Cunha busca alternativas à decisão do supremo. Ele estuda saídas regimentais para conseguir driblar a obrigatoriedade de ter na comissão apenas deputados indicados pelos líderes partidários. A ideia é a de que cada membro seja votado individualmente. E, se houver rejeição, sejam alçados novos nomes para o colegiado.
Em outra frente, deputados de oposição tentam se aproximar de aliados do Planalto em busca de parlamentares dissidentes ou pressionados por suas bases eleitorais a se posicionarem contra Dilma. Nesta quarta, o PRB anunciou a saída da base do governo. Deputados do PR e do PSD são apontados como possíveis candidatos a “virarem” os votos contra Dilma.
“Nós estamos com uma governabilidade muito difícil, pior a cada dia. O ingresso do ex-presidente Lula no governo, longe de melhorar a governabilidade, me parece que vai ter um efeito contrário”, disse Eduardo Cunha. Sobre as conversas entre Lula e Dilma, o presidente da Câmara afirmou que “o barulho está muito grande, está-se criando um incêndio e as coisas estão se agravando”. “Eu vou fazer a nossa parte, que é tocar com celeridade o processo que aí está para que a Casa não seja omissa”, continuou o peemedebista.
Os nomes para compor o comando da comissão ainda estão em estudo. Para a presidência, trabalha-se com a hipótese de um parlamentar moderado: foram cotados o líder do PTB, Jovair Arantes (GO), e o do PSD, Rogério Roso (DF). Para a relatoria, a oposição tenta emplacar o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ). Independentemente do resultado da comissão, o futuro de Dilma será definido em votação no plenário da Câmara dos Deputados.
Fonte: G1