O Uruguai não é mais aquele time que joga só com a faca nos dentes, que aposta nos carrinhos para se impor e que faz da cara feia dos zagueiros um estilo de jogo. Nem do peito estufado diante dos rivais. O Uruguai que estreia na Copa do Mundo nesta sexta-feira, às 9 horas, diante do Egito, em Ecaterimburgo, coloca a bola no chão, toca e constrói jogadas. Não se trata de uma caça às bruxas ou uma ruptura com a tradição celeste. O time apenas sacou que precisava mudar para não ficar para trás.
“Estamos conseguindo unir nossa força de marcação e habilidade para criar”, disse o meia Arrascaeta, um dos símbolos da reformulação uruguaia.
A mudança teve um ponto de partida bem definido. Diante da Argentina, em Mendoza, pelas Eliminatórias, o time de Messi teve um jogador expulso. Durante todo o segundo tempo, a equipe celeste não conseguiu criar. Não deu um chute a gol e não conseguiu aproveitar a vantagem. Após esse confronto, o zagueiro Godín e o técnico Tabárez conversaram e decidiram que algo precisava ser feito.
A renovação passa pela convocação de meias criativos e habilidosos e volantes que sabem jogar. Hoje, o Uruguai quer continuar marcando como o fez em toda sua história, mas quer criar também. As peças mudaram. Arévalo Rios não é mais chamado. Alvaro Pereira é coisa do passado. O bom trabalho nas categorias de base (Uruguai foi vice-campeão mundial sub-20 em 2013 e terceiro colocado em 2017) foi revelando jogadores mais refinados, que permitem que o jogo fique mais arejado.
O time também ficou mais jovem. Isso aconteceu graças à presença de Bentancur (21 anos), Nández (22), Torreira (22), Arrascaeta (24) e Vecino (26). “Quando começamos o nosso projeto em 2006, um dos objetivos principais era reposicionar a seleção uruguaia no cenário mundial e pensar no futuro. Queríamos ter o perfil de determinado jogador e tratamos de formá-lo nas categorias de base. Hoje, estamos colhendo os frutos”, entende o treinador.
Fonte: Estadão