A opinião de que há mais mulheres que buscam a interrupção da menstruação é compartilhada pelo ginecologista Marcelo Antonini.
Cinco meses menstruada. Foi a gota d’água para Jenypher Cavilhoni, 34, caçar um meio de recuperar o sossego. Com um DIU (dispositivo intrauterino), a esteticista conseguiu acabar com a menstruação. “É outra vida”, diz. Seja por causa da saúde ou pelo incômodo, mulheres têm buscado a interrupção, relatam especialistas.
Os longos períodos de sangramento e os fluxos intensos, além de desconforto, podem provocar quadros de anemia. A interrupção também costuma ser indicada para mulheres com endometriose (quando há tecido da camada interna do útero em outra parte do organismo), problema de saúde que vem se mostrando cada vez mais comum.
“A suspensão da menstruação pode mudar o curso da doença ou diminuir as sequelas. Nesses casos o médico sugere como uma possibilidade de tratamento. Elas são incentivadas por conta da doença”, afirma César Fernandes, presidente da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia).
A opinião de que há mais mulheres que buscam a interrupção da menstruação é compartilhada pelo ginecologista Marcelo Antonini. “Há alguns anos, era grande o desconhecimento relacionado à suspensão. Hoje, uma mulher vai falando para outra e elas percebem que vale a pena, que compensa.”
Já Isabel Sorpreso, professora da Faculdade de Medicina da USP, diz que apesar de não haver estudos que mostrem essa tendência, é possível que a múltipla jornada (trabalho, casa, vida social) pode ter dado um empurrãozinho para a difusão da suspensão da menstruação.
“Mas existe outro grupo que acha que menstruar é limpar o organismo”, afirma Rodrigo Castro, professor da Unifesp, que prefere não apostar categoricamente no aumento da prática.
Mulheres com fluxo bastante intenso e/ou duradouro são algumas das que procuram a interrupção. Normalmente, menstruações consideradas normais duram até sete dias.
“Para ser honesta, eu nunca mais quero menstruar”, diz Jenypher, que começou a ter problemas com o ciclo menstrual após ter sua filha.
A recepcionista Dayane Rodrigues, 21, estava cansada de menstruar. Ela conta que tinha muitas cólicas, “uma TPM infernal” e, às vezes, passava mais de 15 dias sangrando. “Não é porque é natural que é agradável.”
Dayane, apesar de ter ouvido opinião contrária de seu médico, decidiu parar de menstruar e assim permanece há três anos. O método utilizado pela jovem é uma injeção de hormônio.
Fonte:Folha de São Paulo