Uma nova pesquisa divulgada pelo instituto Datafolha mostra que a associação feita entre o tabagismo e o glamour e a sofisticação ficou definitivamente no século passado. O levantamento encomendado pela organização não-governamental Aliança de Controle do Tabagismo (ACT) revela uma população em pé de guerra contra o cigarro, seja na restrição à propaganda, no apoio ao encarecimento do produto ou na própria redução do ato de fumar. O estudo ouviu 2.041 pessoas acima de 16 anos em 132 cidades brasileiras.
Quase dois terços dos entrevistados concordam com a proposta de eliminar toda e qualquer diferenciação dos maços de cigarro entre as marcas – as embalagens seriam padronizadas, sem design ou logotipo, para em tese diminuir a visibilidade e o apelo ao consumidor em potencial. Três quartos das pessoas consultadas apoiam a taxação de impostos ainda maiores para produtos derivados do tabaco, enquanto uma porcentagem semelhante (73%) quer a proibição da exibição de cigarros nos pontos de venda.
A legislação atual não permite a propaganda de produtos derivados de tabaco em revistas, jornais, outdoors, televisão e rádios desde o ano 2000. O único local onde o anúncio é liberado é nos pontos de venda, o que faz com que as empresas da área invistam em embalagens cada vez mais chamativas na tentativa de cativar novos fumantes. A missão, entretanto, não tem dado muito certo.
Segundo uma pesquisa da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) realizada entre 1989 e 2010, um em cada três brasileiros deixou de fumar depois que entraram em vigor as medidas que restringiram a propaganda na TV e nos veículos de comunicação de massa. Os números foram confirmados na sondagem do Datafolha: apenas 15% dos brasileiros adultos são fumantes hoje, queda de mais de 21% em relação a 2011.
O Brasil apresenta taxas bem abaixo das encontradas nos países que lideram a lista de maior porcentagem de fumantes na população. Dados do Banco Mundial apontam a Indonésia no topo do ranking, onde 72% dos adultos fumam. O Oriente Médio e o Leste Europeu também apresentam índices elevados como na Jordânia (64%), Rússia (60%), Geórgia (59%) e Armênia (55%).
Fonte: POP/Imagens: iStock