Matéria publicada nesta quarta-feira (13) no El País, conta que com um pé na Casa Branca e outro já na história, o democrata Barack Obama exaltou, na noite desta terça-feira, a força dos Estados Unidos como contraponto à retórica apocalíptica do Partido Republicano e a inquietação de amplos setores do país com a economia, as elites nacionais e a rapidez das mudanças sociodemográficas. Em seu último discurso do Estado da União, o presidente norte-americano pediu o fim da política do medo encarnada pelo pré-candidato presidencial republicano Donald Trump. E afirmou que uma das tarefas pendentes da sua presidência é a necessidade de injetar civilidade num discurso público ácido e crispado.
Segundo a reportagem, Obama não se referiu explicitamente a Donald Trump, o magnata e showman nova-iorquino que, com uma retórica agressiva contra os imigrantes latinos e muçulmanos, lidera desde meados de 2015 as pesquisas relativas à indicação republicana para a eleição presidencial de novembro. Não citou Trump nem qualquer outro republicano que faz do medo – o medo de um atentado, dos imigrantes, do cataclismo econômico ou simplesmente de uma decadência inexorável da superpotência – um argumento de campanha. Mas Trump e outros republicanos estavam na mente de toda a plateia.
Havia um ar de despedida no Capitólio. Obama, a não ser que profira algum discurso imprevisto neste ano, não voltará a se dirigir ao Congresso numa sessão conjunta da Câmara e do Senado. Mas não havia nostalgia. Em alguns momentos suas palavras soavam a discurso de abertura da campanha eleitoral à sua sucessão; em raros momentos a maioria republicana o aplaudiu. O discurso foi, em parte, um manifesto anti-Trump, erigido em uma incômoda bandeira do Partido Republicano, e em parte um programa para o Partido Democrata – para a ex-senadora Hillary Clinton ou para o principal rival dela na disputa pela indicação, o senador Bernie Sanders.
Fonte: Jornal do Brasil